[Lars Lars Land]
“É impossível ficar indiferente a um filme de Lars Von Trier (3:09)”. Essa máxima é apenas um teaser do nosso episódio especial sobre o polêmico cineasta dinamarquês. Um autor pop entre os cults, criador de uma persona controversa e de um cinema manipulador, que causa sensação nos festivais, mas coleciona detratores por ordem passa. Temos a volta especialíssima de Paula Ferraz, que traz experiências de bastidores do lançamento dos filmes do diretor, o envolvimento de Lars na divulgação de seus trabalhos, e outras curiosidades.
E claro que destacamos seu novo filme, A Casa que Jack Construiu (43:21), uma espécie de retrato de um serial-killer, mas também um filme que analisa a trajetória e o temperamento do próprio diretor. Uma novidade que dividiu muito a Varanda.
Outro destaque em pauta é o novo thriller da saga Millennium – A Garota na Teia de Aranha (1:07:50), dirigido pelo uruguaio Fede Alvarez, e com Claire Foy no papel principal da hacker sueca Lisbeth Salander.
Nas Recomendações (1:30:51) tem Operação Overlord, podcasts, o lançamento da Netflix, Rei Legítimo, além de vários destaques para quem vai acompanhar o Mix Festival. No Cantinho do Ouvinte (1:37:50), os comentários do nosso episódio anterior. Bom podcast!
| Metavaranda |
A Casa que Jack Construiu| The House that Jack Built | Lars Von Trier | 63
Millennium – A Garota na Teia de Aranha| The Girl in the Spider’s Web | Fede Alvarez | 36
| Varandeiros |
Chico Fireman @filmesdochico
Cris Lumi @crislumi
Michel Simões @michelsimoes
Tiago Faria @superoito
| Cinema na Varanda nas redes sociais |
Facebook: facebook.com/cinemanavaranda
Twitter: @cinemanavaranda
Instagram: cinemanavaranda
e-mail: podcastcinemanavaranda@gmail.com
Gravado na segunda, 12 de novembro, na varanda do Michel.
Concordo totalmente com o Chico. Acho que toda vez que o Virgílio entra, as problematizações são calculadas para o Jack conseguir retrucar e sair ganhando. E quando os demais varandeiros comentam que o filme é uma auto-crítica por dizer “Por que todas as mulheres são tão burras?” ou “Por que os homens são sempre os culpados”, eu acho justamente o contrário. Até como o Tiago (?) fala, se entendermos o Jack como uma auto-biografia de Lars, e pegar o histórico com a Bjork, parece um palco para ele se justificar o tempo todo.
E quanto ao final, a minha percepção é que o Jack ganha sim! Porque ok, ele morre, mas para onde ele está indo? Para o fundo do fundo dos Infernos, ou em outras palavras, o pior que existe. Então, até quando ele perde, ele ganha. E aí, mais uma vez, o filme faz parecer que ele calcula uma auto-crítica, mas numa segunda camada, ele está certo!
Gosto dos momentos anedóticos, da discussão da arte da degradação, mas essa auto-indulgência dele e a gratuidade das cenas de violência para mim ofuscam tudo que há de bom…
CurtirCurtir
Olha… Eu discordo, mas é um bom argumento. Ainda acho que o Jack perde no final. Interpreto cada segmento como uma maneira encontrada pelo Lars para falar sobre processo criativo – e, geralmente, o maior “culpado” pelos danos provocados em todos os envolvidos é ele próprio.
Abraço!
CurtirCurtir
O natunovelli é, atualmente, meu ouvinte favorito. 🙂
CurtirCurtir
Acho que é importante separar a crítica do filme em si com o restante da carreira do Lars. E sobre a discussão, é o velho debate conteúdo x discurso. Abracos varandeiros.
CurtirCurtir
Concordo. Mas, num filme em que há explicitamente até uma seleção de cenas de filmes anteriores do Lars, acredito que seja um pouco mais complicado fazer todas essas separações (e acho que o diretor não quer isso).
Abraço
CurtirCurtir
Oi Varandeiros,
Eu amei conhecer a Paula. Ela foi uma querida! Me deu uma super ajuda no Festival do Rio com a minha pesquisa e comentamos sobre vários filmes. Inclusive, achei o Skate Kitchen uma gracinha.
Eu também gostei muito da discussão de vocês sobre A Casa que Jack Construiu e gostei do filme porque reli A Divina Comédia esse ano e fiz alguns paralelos. Uma que eu achei muito interessante foi como Lars Von Trier brinca e celebra a ideia do próprio Ego (e que EGO!) ao utilizar do texto da Divina Comédia, comparando Jack-Lars com a própria figura do protagonista do livro, Dante, que leva o nome do próprio autor, comparando sua criação, enquanto assassino-cineasta, com uma das “maiores” obras da literatura ocidental. No entanto, ao tratar de uma arte abjeta e dessa tese do mal absoluto, como o Tiago e a Paula falaram, o Lars muda a chegada do protagonista ao purgatório, que na Divina Comédia existia uma ponte que levaria ao paraíso. No filme, essa ponte está destruída e é o Ego de sentir-se superior tudo e a todos que faz Jack querer atravessar pela parede – sendo este fato impossível e, obliquamente desafiado por Virgílio. Isso para mim representa que é o ego do próprio Jack-Lars que é o mal em absoluto que é incapaz de transpor a criação para algo como o amor, como Vírgilio questiona Jack em todo o filme, visto que sua arte surge da maldade, e por isso, sempre será impossível chegar ao outro lado, em uma plenitude. Nisso, Lars Von Trier tensiona a ideia de arte como algo grandioso e egocêntrico ao tentar fazer um filme grandioso sobre o abjeto e o mal.
CurtirCurtir
Muito interessantes os paralelos com ‘A Divina Comédia’. Acredito que a intenção da autocrítica está no próprio formato do filme do Lars: é grandioso, cruel, violento e tudo que se espera de um filme típico dele. Faz ainda mais sentido quando dialoga com o livro.
Abraço!
CurtirCurtir