EP 115: Paul Thomas Anderson | Trama Fantasma | Pequena Grande Vida

O Diabo Veste a Amada

Esta semana, o destaque é o cinema de Paul Thomas Anderson (15:30). Discutimos os filmes, suas principais características, temas e outras curiosidades. Tudo isso para desembarcar em Trama Fantasma (36:24), a estreia da semana que surpreendeu nas indicações do Oscar e colocou PTA (para os íntimos) na disputa. O papo com spoilers sobre o longa fica depois do Metavaranda (1:03:15)

Depois de muitos e muitos trailers, finalmente Pequena Grande Vida (1:10:28) chega aos cinemas. Debatemos o filme e também a carreira e as obsessões do diretor Alexander Payne.

Enquanto não conhecemos os vencedores do Oscar, aproveitamos nosso lado palpiteiro (1:32:04) para tentar adivinhar quem serão os campeões no maior prêmio do cinema. Concordam ou descordam? Aproveitem e participem do Bolão. As instruções estão nas nossas redes sociais.

E mais: Cantinho do Ouvinte e uma rodada de Não-Recomendações, com destaque para os filmes A Grande Jogada, Mudo e a série La Casa de Papel.

METAVARANDA (média das notas dos filmes da edição)

Trama Fantasma | Phantom Thread | Paul Thomas Anderson | 81
Pequena Grande Vida | Downsizing | Alexander Payne | 44

Gravado na segunda-feira, 26 de fevereiro, na varanda do Michel.

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24 comentários sobre “EP 115: Paul Thomas Anderson | Trama Fantasma | Pequena Grande Vida

  1. Varandeiros,

    Que maldade do Michel e da Cris com Pequena Grande Vida…

    Eu vou fazer uns apontamentos sobre o filme é deixarei para ouvir o resto depois de ver Trama Fantasma (o UCI vai passar no dia 1 e 2 em todo Brasil os nove candidatos ao Oscar, vou aproveitar para ver Trama e Lady Bird que não passaram em Belém)… Vamos aos apontamentos.

    1) Visualmente o filme me agrada. Acho o filme com boas soluções imagéticas. Um exemplo muito bonito é o buraco do rato no muro. Achei muito legal. Pensei, ali, que o filme ganharia uma bela discussão social (pequenos pobres e pequenos ricos)… penso que deveria ter ficado lá ao invés de expandi-lo.

    2) Para mim um dos grandes problemas está no desenvolvimento dos personagens, de modo especial os três personagens masculinos.

    I) Paul: eu não acreditei em nenhum momento no sentimento de tristeza e solidão. Matt parece no automático e quase sem expressão. Sua dúvida ao final do filmes é das mais patéticas.

    II) O Personagem da Hong Chau, ainda que caricato, consegue funcionar, pois representa um núcleo dos diferentes dentro daquele universo. Apenas o romance com o personagem Paal soou extremamente forçado… Desnecessário.

    III) Waltz e Kier são desnecessários a trama. E não se enquadram em qualquer núcleo. Eles poderiam sair fácil da história e ainda assim ele poderia funcionar.

    3) O Michel colocou algo referente a virar-se para o indivíduo. Bem, este é o cerne do filme, logo, é a escolha acertada. Afinal, desde da pergunta da mãe, ele chama a atenção para como nos preocupamos com o amanhã sem pensar nos problemas de hoje… Eu lembre até de Raul Seixas quando diz em uma música “Um piloto rouba um “mig” Gelo em Marte, diz a Viking, Mas no entanto
    Não há galinha em meu quintal”… O filme passa por aí, afinal, o importante é são as coisas pequenas.

    4) Bem, eu até fico feliz de ver um filme desse no circuito comercial em meio a tantos mais do mesmo… E, queira ou não, ele não quer pintar de requintado, como alguns filmes europeus… Talvez um dia possamos olhar diferente para este filme.
    Minha cotação para o filme seria: ⭐️⭐️ 1/2

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  2. “Visualmente o filme me agrada. Acho o filme com boas soluções imagéticas. Um exemplo muito bonito é o buraco do rato no muro”

    Também acho. Mas até certo ponto. Depois da cena da ‘periferia’, que é bem construída visualmente, acho que o filme perde o fôlego e parece se desinteressar por tudo. A parte na Noruega é de uma preguiça visual quase total (aquela comunidade hippie no meio da natureza é totalmente genérica).

    “Waltz e Kier são desnecessários a trama. E não se enquadram em qualquer núcleo. Eles poderiam sair fácil da história e ainda assim ele poderia funcionar.”

    A “função” deles, no meu ponto de vista, é transmitir claramente a mensagem do filme. Só isso mesmo.

    Abraço!

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  3. Oi Varandeiros!!
    Eu espero por esse momento desde o 1º podcast (eu escuto desde o começo) e agora que ele chegou, eu só posso dizer que daria tudo pra ter participado dessa varanda!! PTA é meu cineasta favorito e eu sempre quis saber o que vocês achavam da obra dele. Adorei saber que o Michel também é um grande fã como eu e que também compartilhamos o amor por Magnolia, que é daqueles filmes que toca tão fundo na alma que qualquer argumento racional para defendê-lo parece bobo perto da experiência que é assisti-lo. Inclusive, como vocês citaram bem, acho que os filmes do Paul se encaixam muito nessa descrição. Você consegue elencar motivos que fazem de qualquer obra dele um filmão, mas tudo parece meio bobo comparado ao que se sente vendo a essas obras. Trama Fantasma me tocou de uma forma muito crua sobre como o amor pode ser tóxico, venenoso. Mas isso é feito de uma forma quase que sensorial, dá quase pra sentir na pele. Preciso destacar a cena da festa de ano novo, muito linda e ao mesmo tempo muito triste, dolorida.
    Enfim, amei o episódio e espero um dia encontrá-los por SP pra trocarmos uma ideia! Absss

    Curtido por 1 pessoa

  4. O cara ficou desde meados de dezembro até o final de janeiro dizendo que Lady Bird era o favorito ao Oscar. Agora, vem com a conversa mole que desde outubro dizia que 3 Anúncios para Um Crime vai ganhar! rsrs

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    1. Mas o Michel sempre apostou em 3 Anúncios! Eu é que mudo de aposta a cada semana (já foi Me Chame pelo Seu Nome, depois Lady Bird e agora Corra!) rs

      (Mas secretamente acho que 3 Anúncios vai levar, infelizmente)

      Abraço!

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  5. Tem um místico cristão do comecinho da idade média (conhecido como Pseudo-Dionísio) que pregava que, já que deus estava completamente apartado do mundo e era infinitamente perfeito, não adiantava buscar uma imagem positiva para falar “dele”. Qualquer coisa pertencente a esse mundo seria infinitamente distante do divino, na mesma medida. Por isso, ao invés de buscar imagens supostamente majestosas para falar daquilo que seria o Supremo Bem, o místico deveria buscar imagens que deixassem claro o quanto deus não é nada daquilo que este mundo oferece. Daí, a melhor imagem de cristo não seria a do leão ou a da águia, mas a do Verme.

    Lembrei disso quando terminei de ver o filme do PTA. Ao retratar uma relação doentia, psicótica, abusiva, ele conseguiu se aproximar de um sentimento que, se não é Belo, é ao menos muito forte, muito poderoso. Num mesmo gesto ele mostra a podridão no coração do reino do Belo e aquilo de indescritível que existe no interior desse coração. A beleza dentro da feiúra dentro da beleza.

    Quando vocês falaram desse ALGO que os filmes dele parecem perseguir, essa ideia novamente me veio à cabeça. Fiquei pensando se PTA não é um cineasta místico disfarçado, do tipo genuíno, que sabe que qualquer tentativa de transcendência só é possível por vias indiretas…

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  6. Oi, pessoal!

    Ouvir a Varanda essa semana foi uma experiência bem sinestésica, pois era possível ‘ouvir o sorriso’ do Michel enquanto falava do PTA! Muito divertido ouvir vocês rasgando seda para um diretor/filme (e tô achando que não é só um dos varandeiros que é PTiete, hein?!). 😀
    Enfim, sobre ‘Trama Fantasma’ , o que mais tem me impressionado é a quantidade de gente descrevendo o filme como um história de amor/romance, pois talvez a única relação de amor que eu consigo enxergar ali é a da irmã com o Reynolds. A relação da Alma com ele, vejo mais como uma adoração que caminha para uma obsessão; e o Reynolds só ama a mãe, né? Rs
    Sei que é ofensivo pra Varanda comparar ele com ‘Mãe!’, mas esse paralelo é muito forte pra mim, a diferença que vejo é de que o Aronofsky parece admirar aquele “artista”, numa coisa meio “olha como ele é terrível, mas ao mesmo tempo incrível e toda crueldade meio que vale a pena pela obra” (identificação talvez? A declaração de JLaw é bem esclarecedora sobre isso), enquanto que o PTA se afasta do personagem e permite uma crítica, tanto no tom de ironia utilizado ao longo do filme, quanto na inversão de papéis entre ele e a Alma. Concordo com a Cris de que é muito mais sobre uma relação de poder, do que sobre uma relação amorosa; também achei essa interpretação de conto de fadas, muito interessante e não tinha me atentado pra isso. Pensando aqui que PTA é muito é twitteiro e está tirando suas idéias de lá, pois aquela cena do primeiro encontro é a própria encenação do #DateRuim com um #BoyLixo. 😀

    Ah, adorei a adição do ‘Buraco do Spoiler’!

    Abraço

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  7. CUIDADO, SPOILERS!!!!!!

    Descascando as muitas camadas que o PTA coloca na história, eu acho que o filme trata da liberdade que Woodcock e Alma encontram um no outro. A liberdade de ser o que se deseja abertamente, mesmo que isso possa soar perverso. A relação só dá certo quando se joga limpo, quando um se abre totalmente ao outro. Mesmo antes do envenenamento, Alma diz ao entrevistador que quando Woodcock ficava exausto depois de um período criativo, ele “adoecia”, ficava vulnerável e agradável. Assim que ela deixou claro para Woodcock que tinha a “fórmula mágica” para se alcançar aquele estado quando desejassem, ele aceitou esse papel. Porque essa era a mãe que ele queria. No sentido do Édipo mesmo. A que é uma musa, mas que cuida dele também, que o disciplinava. Essa segunda função era preenchida por sua irmã, de quem ele não podia se livrar. A outra eram as musas, que eram descartadas. Com essa “poção”, Alma consegue unir as duas, transformando-se, de uma vez por todas, na figura que faltava na vida dele e que ele sempre perseguiu: sua mãe. A verdade sem subterfúgios, por mais bizarra que possa ser, é o que uniu definitivamente Woodcock e Alma. Para mim, PTA conta uma fábula sobre a dor que é amar, que é manter um casamento. A verdade pode doer, mas liberta.

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  8. Paul Thomas Anderson junta na mesma pessoa o melhor de um “diretor de exatas” com o melhor de um “diretor de humanas”. De um lado, a obsessão pelo plano perfeito, com suas proporções áureas, curvas de Fibonacci e uma obediência à matemática digna de gabaritar prova do ITA. Do outro, a capacidade de nos conduzir a um lugar de nossas mentes que não conseguimos atingir sem um estímulo desse tipo. Quando a gente vê um filme dele, a gente muitas vezes não sabe explicar. Só sabe sentir.

    Sou fã desde “Magnólia” e de sua maravilhosa trilha com canções da Aimee Mann, cantora que conheci e passei a acompanhar a partir do filme. Toda vez que revejo “Embriagado de Amor” e chega àquela cena em que a luz vermelha do orelhão acende, vibro como se fosse a primeira vez que estivesse assistindo. Aliás, acho que PTA é (talvez mais do que muitos) um cineasta para se rever. Pelo menos pra mim sempre foi assim: os filmes dele parecem melhores numa segunda ou terceira vista. Torço pra que ele seja reconhecido pela Academia. Mas, se não rolar, azar do Oscar…

    Abraços a todos!!!

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    1. “Aliás, acho que PTA é (talvez mais do que muitos) um cineasta para se rever. Pelo menos pra mim sempre foi assim: os filmes dele parecem melhores numa segunda ou terceira vista”

      Também acho. Tive dificuldades com ‘Sangue Negro’ quando vi pela primeira vez. O filme cresceu muito na revisão. Idem para ‘Embriagado de Amor’, que já vi umas quatro vezes (e sempre me revela algo novo).

      Abraço

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  9. Olá varandeiros, confesso que fiquei decepcionado com esse novo filme do PTA, até gosto do controle narrativo que ele exerce, acelerando e feirando o filme a bel prazer, mas esse humor “peculiar” dele nesse longa não me desceu, desde o sentido doentio da trama bem descrito no podcast até os faniquitos do daniel day-lewis (que por sinal, sendo um ator tão metódico, imagino quantos episódios de Tititi ele não deve ter assistido, com um Jacques Leclair mais Reginaldo Faria que Alexandre Borges, eu diria…).Enfim, infelizmente passei todo o filme com a mesma expressão impassível da personagem da Lesley Manville.

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  10. “Imagino quantos episódios de Tititi ele não deve ter assistido, com um Jacques Leclair mais Reginaldo Faria que Alexandre Borges”

    Taí uma comparação que eu jamais imaginaria. Mas ficou divertida, admito.

    Abraço

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  11. Olá Varandeiros.
    Já queria fazer esse comentário antes, mas a falta de tempo para sentar e escrever me impedia. Eu ouço o programa com o fone de ouvido e tem uma coisa que incomoda muito. Para conseguir ouvi-los, preciso colocar num volume relativamente alto, mas quando o Michel da seus ataques de reação, gritinhos e risadas, ele quase estoura meus ouvidos. Acho legal as reações dos participantes, porém é necessário, ficar atento ao gráfico de volume das camadas de áudio da edição e equilibrar o volume quando ele solta seus agudinhos. Uma vez que vocês analisam tecnicamente os filmes, deveriam se preocupar com esse aspecto técnico também. Façam um teste ouvindo o episódio 114. Coloquem um bom fone de ouvido, bom mesmo, daqueles que isolam o som ao redor. Depois coloquem num volume alto para ouvir o Chico e o Thiago. Depois tentem suportar os gritinhos do Michel. A magia do debate se quebra quando estou envolvido com a conversa e aquele som estridente e alto aparece.
    Atenciosamente, Zé Alberto.

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  12. Trama Fantasma é o filme mais feminista entre os candidatos ao Oscar e o que melhor mostrar que o Poder é difuso e emana de todos os lugares.

    Outro comentário… Vi muito Godard em Trama ao adotar a ideia de que cinema é “filmar o centro da mesa com duas pessoas conversando”… A inúmeras cenas de mesa, taças e conversas… Ora as imagens mais próximas, mostrando cumplicidade e ora afastadas, mostrando distanciamento.

    Depois de Trama vi Lady Bird… Lady Bird não deveria nem ter sido indicado… Columbus, que vocês comentaram, é muito mais bonito e sagaz discutindo temáticas que conversam muito.

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  13. Confesso que fiquei emocionado com essa leitura empostada e dramática do Michel. Aliás, acho que foi uma das grandes performances individuais de um varandeiro em toda a história desse podcast: a nação PTAzete certamente foi muito bem representada por ele.

    Sobre Trama Fantasma: acho o melhor filme do ano (coitado de As Boas Maneiras, que nem estreou e já perdeu o posto) e o controle que o PTA exerce sobre o ritmo do filme é assombroso. Impressionante como ele consegue acelerar do nada ou mesmo tirar alguns segundos pra respirar, assim como a facilidade pra mudar de tom, coisa em que certos indicados ao Oscar, cof Três Anúncios Para um Ronco cof, falham pateticamente. Achei uma injustiça a Vicky Krieps ficar de fora do Oscar, já que ela engole qualquer atuação indicada em qualquer categoria (rs).

    Mais um ótimo episódio, e um dos meus favoritos certamente. Abraços!

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  14. Eu acho que vou perder minha carteirinha de associado do clube da varanda. Tanta gente comentando o filme do Paul e eu me sentindo completamente incapaz de tecer qualquer comentário sobre “Trama Fantasma”. Ainda estou tentando decidir se o filme é um conto de amor para os ingleses – haja omelete de cogumelo para derreter essa geleira chamada coração inglês – ou um thriller obsessivo sobre a falta de atenção – um pouquinho de chumbinho para você notar que eu existo. Mas duas coisas não posso negar: a direção é impecável e as atuações grandiosas, certeza de que a Vicky Krieps deveria ter sido indicada. Vamos pular para o próximo. Eu amo os filmes do Alexander Payne, até aparecer “Pequena Grande Vida”. Me senti iludido igual ao Joseph Gordon-Levitt em “500 Dias Com Ela”. É claro que os diretores precisam mudar e serem ousados, mas preferiria um outro mesmo filme do Alexander Payne. Não consegui engolir aquele acampamento de verão rumo a litosfera. Abraços.

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