EP 75: Twin Peaks | Corra

O Coração Selvagem de David Lynch

Cortinas vermelhas, corredores estreitos, personagens inclassificáveis, atmosfera de suspense e estranhezas mil: esta semana, a Varanda entra no clima surreal de David Lynch. Com a volta de Twin Peaks (16:52), Chico Fireman, Cris Lumi, Michel Simões e Tiago Faria revisitam as temporadas anteriores e batem um papo sobre os dois primeiros episódios dessa terceira, e muita aguardada, fase da série de Lynch e Mark Frost.

No Cantinho do Ouvinte, a polêmica Netflix x Festival de Cannes (7:11) em debate. O festival está certo em não mais permitir filmes que não terão exibição nos cinemas?

O filme-sensação do ano é Corra! (43:50). Comédia, terror, critica social e a criatividade do estreante Jordan Peele e seu sucesso estrondoso de bilheteria. Surpresa do ano ou novidade superestimada pela crítica?

Na reta final do programa, nossas recomendações (1:03:56) bem variadas e o Varandeiro do Zodíaco (1:10:58) Aílton Monteiro volta com uma curiosa análise sobre o signo de Gêmeos. Bom podcast!

METAVARANDA (média das notas para os filmes comentados na edição)

Corra! | Get Out | Jordan Peele | 74

Gravado na segunda-feira, 22 de maio, na varanda do Michel.

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17 comentários sobre “EP 75: Twin Peaks | Corra

  1. Eu sou a favor dos spoilers Sessão da Tarde, mas confesso que ouvi o episódio de hoje com medo de descobrir quem matou Laura Palmer, porque estou vendo a série só agora, estou no quarto episódio. Ia escutar o episódio só depois de ver tudo pra opinar, mas não aguentei a ansiedade e escutei antes haha.
    Como já assisti o “Corra!”, esse posso dar minha opinião. Não sei dizer ao certo o que achei de Corra! Em um primeiro momento me senti extremamente frustrada, porque ouvi e li tanta coisa extraordinária do filme que esperava sair do cinema com a sensação de ter visto mais um filme da minha vida, quando na verdade não achei nada demais! Nada demais mesmo! Achei interessante como ele abordou a questão do racismo e da hipnose. Mas detestei a “explicação” do filme dentro do filme, e o desfecho.
    As vezes acho que não assisti o filme que todo mundo viu, me sinto meio um alien. Mas uma coisa tenho certeza, se tivesse visto o filme sem esse bombardeio de estimulo “melhor filme de terror dos tempos”, teria gostado.
    Na verdade to confusa! Hahaha
    Beijos a todos

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    1. Fernanda, acredito que cada espectador – com a bagagem, referências e experiências que traz – acaba respondendo de maneira muito diferente e pessoal a filmes como ‘Corra’, que permite várias ‘camadas’ de interpretação. Por isso, não se preocupe: é perfeitamente normal achar ruim, rs.

      A mim, o filme acabou falando muito alto por uma série de motivos. Ele traz um olhar forte, incisivo, para um tema e um gênero que me interessam muito. Mas esse sou eu. Outros espectadores certamente verão de maneira diferente.

      Abraço!

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  2. Sofrendo porque também, assim como o Fernanda, nunca assisti “Twin Peaks” e fiquei com receio de ouvir o episódio na sensação de que iria escutar o nome do algoz da doce Laura Palmer. E ainda tenho muito que esperar, a minha maratona só começa no próximo fim de semana. Vou ter que fugir das redes sociais e dos spoilers. Já “Corra!” concordo com tudo que vocês falaram, porém concordo ainda mais com a definição de grata surpresa. Gostei muito das interpretações da Betty Gabriel e do Lil Rel Howery, coadjuvantes maravilhosos. E a trilha sonora uma maravilha. O único problema é que a todo o instante ela parecia me preparar, no meu caso, para um ápice, um grand finale. O que não aconteceu. Bem sinceramente, gostei muito mais do final alternativo. E outra coisa que me apeteceu que parece um absurdo. Mas vocês conseguem enxergar um paralelo de “Corra!” com “Adivinhe Quem Vem Para Jantar” quanto as questões raciais? E pra encerrar, obrigado por não revelarem o segredo do assassino de “Twin Peaks”. Abraços!

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      1. Tiago, acredite. Eu ainda não sei quem matou Laura Palmer. Um absurdooo!!! rs. Vou até parar de ler os comentários para não me deparar com uma surpresa ingrata. Um abração!

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  3. Gostei da discussão sobre a polêmica Cannes x Netflix. Não tenho opinião formada, apesar de eu ter uma tendência muito forte a acatar mudanças, entender que devemos ser mais flexíveis e ágeis em nossa adaptação as novas tendências. Por outro lado, veja que a Netflix poderia seguir um caminho e fazer algo semelhante ao My French Film Festival; fazer essa expansão de produção própria de cinema para festivais online, daria até mais força e iniciaria um novo nicho, talvez. Mas acredito também que não adianta dar murro em ponta de faca, brigar contra uma (r)evolução que independe de vontade ou não: ela está aí e vai acontecer. Abraços, ótimo episódio.

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  4. Bom, esse é meu primeiro comentário aqui. E não pensem que comecei a ouvir o podcast agora, já venho desde o começo do ano escutando os episódios. A falta de comentários se faz por que sempre ouço os episódios de manhã fazendo o café e me preparando para o dia corrido e à tardezinha, enquanto arrumo a cozinha. Posso falar que gostei muito do episodio e principalmente dos comentários sobre Cannes x Netflix, como eu adoro quando vocês discutem temas mais duros, eu tenho uma dica: tenho quase certeza que vcs não falarão do novo Piratas do Caribe, já que ninguém aguenta mais Jerry Bruckheimer e Johnny Depp. Que tal falar um pouco sobre pirataria, o que ela provoca no mercado e também sobre o contraponto, como ela pode construir um cinéfilo e tal, ia adorar. É isso, sempre que der venho aqui falar mais um pouco. Abraço!

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  5. Sou um ouvinte recente do podcast e curti demais a edição dedicada a Twin Peaks. Assisti pela primeira vez a série em 2008 e terminei de rever inteira há poucas semanas, tudo para entrar no clima do retorno. Queria fazer um comentário sobre algo que vcs falaram no podcast, mas é melhor deixar um alerta de spoiler pra quem tá vendo a série só agora (mesmo achando que, depois de 26 anos, os spoilers já estão mais do que prescritos, hehehe).

    A PARTIR DAQUI TEM SPOILER, PESSOAL!!!!

    Vocês disseram que estranharam o comportamento do Agente Cooper nessa retomada da série. Na verdade, os dois primeiros episódios confirmam uma das teorias sobre o polêmico final da segunda temporada. O Cooper de verdade está preso no Black Lodge. O Cooper que está “no mundo real” é a réplica maligna que escapou do mesmo Black Lodge. O visual da réplica provavelmente tem a ver com o fato de que ela está possuída pelo espírito do Killer Bob. Cabelo grande, aspecto de sujo, visual de bad-ass… Tudo isso se assemelha à caracterização de Bob. Deixar o Cooper desse jeito talvez tenha sido uma escolha para escancarar ainda mais esse caminho ou o recurso que eles tiveram para suprimir a ausência do Frank Silva, intérprete de Bob, que morreu em 1995.

    Adorei os dois primeiros episódios da nova temporada, mas acho que, pelo menos até agora, a série tá destinada a iniciados. Há muitos subtextos que só quem assistiu tudo (inclusive o filme Os Últimos Dias de Laura Palmer) vai captar. Ainda tô na curiosidade pra saber como os novos personagens e as novas tramas vão encontrar o universo de Twin Peaks como o conhecemos.

    Abraços a todos e parabéns pelo podcast!

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    1. Agora tudo faz sentido, Leonardo. Obrigado.

      Na verdade, vi a segunda temporada da série há tanto, tanto tempo que não havia lembrado de alguns detalhes. Mas, realmente, é importante saber como ela termina para entender (?) essa nova temporada.

      Abraço!

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  6. Varandeiros,

    Tentei correr para comentar, mas não consegui ir ao cinema na última semana.😣

    Somente vi Corra ontem. Vamos lá…

    Concordo com o Michel quando diz que o terror não funcionou tanto, e, diferente de alguns de vocês, achei que ele se utiliza muito do efeito som para tentar gerar susto, alguns de forma desnecessária.

    Mas, temos bons momentos de terror como o negro correndo na direção do personagem ou a cena da mulher/empregada em close chorando estranhamente… Cenas boas e angustiantes.

    No aspecto social, acho que ele foi eficiente e conseguiu provocar, nas camadas do filme, reflexões boas sobre os locais que nós podemos habitar (não apenas o negro) dentro da sociedade, ainda que ele não seja tão sutil como o filme de Romero.

    Para finalizar, lembrei automaticamente da A Chave Mestra ao terminar de ver o filme.

    Eu daria 7…

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  7. Eu ia terminar naquele comentário, mas tenho algo para acrescentar…

    Corra é um filme em que o roteiro se sobrepõe aos planos, e, no meu ponto de vista, isso empobrece um pouco o filme.

    O filme é bastante convencional no ato de filmar, recorrendo a construções já consagradas (a mulher que passa no corredor e tal).

    No ato de filmar, não há nada memorável, como a cena final do filme A Bruxa totalmente inspirado no quadro (linda toda a sequência).

    Mas, no aspecto roteiro, não há nenhuma gordura.

    Bem, este é o meu ponto de vista.

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  8. Episódio emblemático.
    Em 2016, nesta época de maio, vocês estavam comentando sobre os filmes de Cannes. Agora, em 2017, vocês estão comentando sobre uma série de TV. Não quero menosprezar Twin Peaks, afinal é David Lynch, retorno de série clássica, memórias afetivas, etc… Mas será o sinal dos tempos, e em breve será “Séries na Varanda” ou “Streaming na Varanda” ? (dos últimos 5 episódios, em 4 foram comentados apenas um filme) A temporada de filmes de 2017 está com qualidade tão ruim, que é mais interessante falar de TV ao invés de cinema ? Tenho percebido a tendência de pessoas que preferem séries de TV a filmes no cinema. A qualidade das séries tem melhorado cada vez mais, mas fico preocupado com essa tendência. O Netflix faz parte deste movimento, e não exibir seus filmes no cinema, é mais sério que parece.
    Talvez sinto isto pois não tenho tanto interesse em séries. Cinema para mim foi sempre tão superior a TV. Não tenho muito tempo disponível (trabalho, família, etc.), mas ainda tantas filmografias para explorar, que prefiro me encantar ao assistir um novo (pra mim) Godard, Kurosawa, Bergman ou Buñuel, do que iniciar uma temporada de série.

    Abraços !

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  9. Tenho escutado vários episódios de vocês e gostado muito. Sou meio analógica e por isso aderi faz pouco tempo a prática de ouvir podcasts (que está viciante), então não tenho muito parâmetro, mas tenho curtido a forma leve das conversas e sem pretensão arrogante que às vezes cinéfilxs costumam ter.
    Sobre esse episódio em específico, foi bem massa escutar a experiência de pessoas que assistiram Twin Peaks na tv, descobri um monte de coisas que não sabia sobre a produção e talz e acabei revendo por isso.
    Sobre o “Corra!”, o debate de vocês me fez ver aspectos positivos e interessantes no filme, me fazendo mudar o olhar: isso porque, apesar de eu ter gostado do fato de ser um filme meio de terror pra um público amplo e que parte de uma discussão sobre racismo didaticamente mas com cuidado, não gostei muito quando vi. Tinha achado que o trailer já tinha me dito tudo, acabei achando meio chato, meio mais ou menos. Mas mudei a visão depois de ouvir o podcast, gostei de alguns comentários de vocês sobre a construção de empatia pras espectadoras e do personagem principal, entre outros pontos. Só achei que vocês não tocaram numa questão fundamental na minha visão: se trata também de um filme sobre o lance das relações amorosas interraciais. É um filme sobre isso. Falar termos como “preconceito” são um pouco genéricos demais pra analisar esse filme… Isto é, o filme aborda um pouco elementos sobre as micro-relações de opressão e desafios políticos que tais relações envolvem, isto é, uma das formas que o racismo (que é sim estrutural) se expressa. E, justamente nesse aspecto, discordo de vocês (não lembro quem falou) quando falaram que diretores como Spike Lee fazem filmes tratando do racismo em termos estruturais e nos espaços públicos (violência policial, desigualdade social, relações nos bairros, etc), porque acho que sim ele aborda bastante isso mas que também ele discute sobre as marcas e dinâmicas da sociedade racista em relações pessoais (na dimensão micro, não só macro), inclusive relações amorosas, e, ainda, inclusive relações amorosas entre uma pessoa branca e uma pessoa negra (ele tem um filme sobre isso explicitamente, o “Jungle Fever”), mas dá pra puxar de outros. Esse é um tema bem importante pro movimento negro e pros feminismos no Brasil, não há teorias e práticas homogênas sobre isso, quero dizer, tem vários posicionamentos e leituras diversas, complexas, com grande acúmulo, é uma baita questão bastante discutida por diferentes linhas de pensamento desses movimentos sociais e que se expressam também nas críticas de cinema, crítica cultural, das representações, etc. A bell hooks tem um monte de textos sobre isso e várias críticas a filmes do Spike Lee, por ex, mas existem muitos outros debates sobre esse tema, e acho que merecia ser tocado porque é um ponto importante e que rompe um pouco com a divisão entre público x privado – focaliza o privado pra mostrar as relações de poder sociais/estruturais marcadas por atravessamentos de raça, de classe, de gênero e de sexualidade, por diferentes posicionamentos de sujeito nessas relações, pra vermos de forma mais politizada as relações pessoais e amorosas. Enfim, só uma sugestão pra complexificar o olhar. 🙂

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  10. Ainda pode comentar ou estou muito atrasada? rs

    Sobre Corra! :
    Não costumo assistir a filmes de terror, detesto técnicas manjadas pra me fazer tomar sustos gratuitos. No entanto, vi a recomendação de vocês e resolvi dar uma chance e apostar. Gostei demais!
    O filme me colocou num lugar de medo absoluto. Sou negra e foi uma experiência de terror forte pra mim que, de vez em quando, me deparo com comentários do tipo explorado no filme: “como negro é sensual, né?”. Fiquei pensando se o telespectador branco sentiria um terror parecido com o que senti…
    Mas acho que o filme foi ótimo porque vai além, é uma experiência que faz seus sentidos se cruzarem, ora você ri, ora você está com medo, ora imagina que poderia ser um futuro distópico, apesar do tom sobrenatural.
    E achei um ótimo final, concordo com que o Tiago falou, você sabe o que teria acontecido se não fosse o amigo dele naquela cena, isso basta. Acho que merecemos um final não-trágico, pelo menos no fim de um filme.
    Obs.: Apesar de ouvinte “fantasma”, mal comento, estou por aqui.

    Abraços,

    Laís

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