EP 63: Oscar 2017

E O Oscar Não Vai Para…

E o Oscar de melhor filme não foi para… La La Land.

Muita confusão e polêmica com a troca dos envelopes desviaram o foco no vencedor da festa da Academia de Hollywood de 2017. Além de ser uma resposta ao #OscarSoWhite, Moonlight é o primeiro filme com temática LGBT a conquistar o prêmio. Os tão esperados discursos políticos não vieram, as surpresas foram poucas, mas a confusão entrou para a história.

Neste episódio, um raio-x da premiação de domingo (26), dos caminhos do Oscar, e claro, o vencedor do Bolão da Varanda. E mais: Cantinho do Ouvinte e uma nova rodada de opiniões sobre John Wick 2. Bom podcast!

* Gravado na segunda-feira, 27 de fevereiro, na varanda do Michel.

25 comentários sobre “EP 63: Oscar 2017

  1. Repararam que Warren Beatty tentou passar o abacaxi para Faye Dunaway? kkkkkk

    O Oscar de melhor filme está ficando cada vez mais político; estão premiando temas, não cinema. Isso ocorreu claramente em 2014 com “12 Anos de Escravidão”, 2016 com “Spotlight” e esse ano. A divisão entre direção e filme também é ocasionada pelo novo sistema, que utiliza o voto preferencial, adotado para escolher o Oscar principal desde 2010. A escolha de melhor realização cinematográfica está sendo limitada à categoria de melhor direção.

    Não sou fã de “La La Land”, nem de “Moonlight”; mas é inegável que o primeiro é mais cinema. Assim como Tiago, passei até a gostar mais do filme do Damien Chazelle depois de todo esse vexame.

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    1. Sim, o que dizem é que Moonlight pode ter conquistado o maior número de ‘segundos lugares’ nas listas dos votantes. Já os ‘primeiros lugares’ teriam ficado divididos entre La La Land e Até o Último Homem. É uma possibilidade.

      Abraço!

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  2. A cada edição que passa, se concretiza como um evento que por si só, acaba sendo mais impactante do que os próprios filmes.
    Aí, povo da varanda, quais outras premiações de edições anteriores vocês invocariam o produtor de moonlight pra falar “there’s a mistake!” ?
    SpotLIGHT, MoonLIGHT, coincidência?

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  3. Varandeiros,

    Tivemos o Oscar mais emocionante da história! Sempre o pessoal reclama que não tem graça, que é enfadonho, e finalmente conseguiram dar emoção digna de final de campeonato de futebol com gol ao 49 do segundo tempo.

    Depois de tantas críticas negativas, preciso deixar minha opinião e dizer que Moonlight é muito cinema sim! Sensibilidade, beleza visceral, intensidade contida, confronto das interioridades com o externo, das urgências pessoais com as imposições do mundo. Acho maravilhoso.

    Os temas políticos não devem ser norteadores de quem deve levar um prêmio, mas o fato de um filme tratar de temas políticos e sociais não o devem desqualificar pra vencer também.

    O filme lida com grandes temas sociais pois essa é a vida que o personagem que ele representa lida, é o universo dele, não é forçado, imposto, apenas sincero com essa realidade, que é a própria realidade do diretor e do escritor da peça. O cinema sempre retratou questões sociais com inovação e ousadia e não podemos desmerecer um filme tão belo por causa disso, por favor hein…

    Pra mim o acerto de Moonlight é ter coragem de tratar de grandes temas sociais a partir da lógica da quebra de paradigmas e da desconstrução de estereótipos, a partir do foco na subjetividade do personagem (muitíssimo bem desenvolvido, por sinal, viu tiago… rs)

    Pra mim fazia tempo que o Oscar não acertava, mas dessa vez premiaram uma pequena obra-prima. La La Land mereceu os prêmios mais técnicos e todos ficariam felizes, não fosse a confusão que ofuscou o debate sobre os filmes.

    Abraços fraternos!
    Helder

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  4. Varandeiros,

    Assisti Moonlight em casa aos 45 do segundo tempo via popcorn time (as salas de Belém prefiram passar o filme do Ben Afleck, eu previa ver o filme do Pelé).

    O que dizer…

    Primeiro sobre Moonlight…

    Gostei mais dele do que La La Land.

    1) É um filme que sabe utilizar a fotografia e as cores para se contar.

    2) É um filme muito corporal e do olhar… Os gestos e olhares dizem tanto ou mais que as palavras.

    3) O roteiro é simples e eficiente. Explora bem os momentos da vida de Chiron sem vitimiza-lo ou afeta-lo, ainda que tenhamos claros clichês (o menino que não joga bola).

    4) Não é um filme sobre LGBT, como estamos vendo as pessoas dizerem. Esta é, com todo respeito, a leitura mais superficial do filme. Moonlight é um filme sobre solidão, sobre se inventar, sobre procurar uma posição neste mundo diferente… Sobre procurar a felicidade… Sobre viver. Com base no que digo que não é um filme LGBT. Com base no fato do personagem nunca se posicionar nesta categoria. Somos nós, de fora, que o posicionamos. Nem mesmo o amigo o coloca como gay. Neste aspecto, é um filme visionário, ainda que as discussões sobre sexualidade rendam a imperar sobre o filme.

    5) O filme tem mais cara de filme de festival do que de Oscar.

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  5. Agora sobre o resultado em si…

    1) Gosto do modelo de votação do melhor filme. Acho que as principais categorias deveriam ser assim, pois teríamos surpresas agradáveis (quem sabe Huppert não vencia Paltrow Stone?).

    2) Minha preferência era por Arrival. Acho que o filme diz muito sobre os humanos. Mas, Moonlight diz bastante. E, não adianta ignorar, arte é política também. Quem acredita em um mundo neutro ainda acredita no papai noel. Arte é e deve ser política.

    Moonlight é melhor que La La Land, pois faz discussões profundas sobre nós ao ponto de poder ser usado para analisar a própria fantasia branca de Land.

    Acho que o prêmio ficou em boas mãos.

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  6. Precisamos combater o “branco” como universal. Sou muito fã do podcast de vocês, acho que escutei todas as edições e, como ouvinte assíduo, vou dar uma dica: nos próximos filmes com temática/equipe/elenco negros não usem a expressão “filme black”. É só filme, como os outros. Pontuem a diversidade, apontem que é filme produzido por pessoas negras ou de outra etnia, mas não digam que La La Land é filme e Moonlight é filme black. O filme que não conta com diversidade em sua produção não é o normativo. Sei que vocês estão aqui comunicando e são 3 críticos brancos. Mas o universal como o branco não é legal. O Chico deu até uma engasgada quando foi falar que la la land era um “filme white”, tamanha estranheza. Espero que vocês levem essa dica em consideração 🙂

    Eu também não entendo muito o preconceito (?) com o Moonlight. Gostar ou não gostar de um filme faz parte ué. Eu, por exemplo, não sou um grande fã de Casablanca (me apedrejem). Aqui não é necessariamente uma critica a vocês, mas a maneira que a mídia e algumas pessoas comentaram a vitória do filme de Barry Jenkins. Agora, dizer que é menos cinema, que ganhou pra passar mensagem que o Oscar é descolado, ai já é demais pra mim. Sim, houveram mudanças no corpo da academia. SIm, a campanha e as manifestações que eram uma premiação racista talvez tenham pesado agora, mas 12 anos de escravidão não ganhou uns anos atrás? Spotlight e Guerra ao Terror não eram filmes mais “sérios” que também surpreenderam favoritos mais caros e escapistas? Acho um pouco complicado dizer “a academia” queria isso, quando se fala em um grupo de 6000 pessoas. Sim, os executivos do oscar talvez tenham preocupação em aparentar maior diversidade, mas e os votantes? É muito complicado fazer essas afirmações. Acho que Moonlight é um filme que desagradou menos e por isso venceu, isso faz bem mais sentido pra mim. Se o a premiação tivesse acontecido no dia seguinte das indicações eu não tenho dúvida que La La Land ganharia. Tinha um buzz enorme e era super elogiado, mas com o tempo o filme desagradou muita gente. E isso faz parte da campanha e da forma de votação do Oscar. Também acho que o número elevado de indicações pesou contra La La Land, se tivesse umas 4, 5 indicações a menos (e essa parte é mais achismo meu), também ganharia. O número recorde de indicações e todos os prêmios anteriores fez muito gente torcer o nariz e falar: “ah, é bacana, mas não é tudo isso”, o que deve ter feito ele cair na escala de preferência dos votantes.

    Enfim, eu gostei de Moonlight, é meu filme preferido dessa edição, mas eu não gostei do enquadramento da impressa a sua vitória como “o filme negro-gay que ganhou por causa disso”. São tantos fatores intangíveis num grupo tão grande que é leviano falar isso. E acho que todo cinéfilo, mesmo os que odiaram o filme ou preferiam outro, deveriam sorrir pela vitória de um filme independente que custou 1,5M de dólares numa premiação como Oscar.

    Abraços e continuem com o bom trabalho.
    Vítor

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  7. Vitor, lerei seu comentário no próximo podcast porque acho muito oportuno, especialmente o primeiro parágrafo.

    Não vou falar pelo Chico ou pelo Michel, mas, no meu ponto de vista (e aqui fala um sujeito que tem na certidão de nascimento a cor PARDO, só para contextualizar), a nossa menção a filmes ‘black’ só apareceu nesse contexto específico do Oscar porque a própria Academia, a mídia e os espectadores criariam expectativas em relação à premiação de profissionais negros em 2017. Apenas por isso. Em nenhum outro contexto, no podcast, você me ouvirá falando em filme ‘black’, até porque acho essa classificação uma bobagem e, nesse aspecto, concordo totalmente com você. O “normal” seria um filme com uma equipe diversa etc.

    No mais, olha… Acho que a discussão é complicada porque, particularmente, não considero Moonlight um filme gay. E, sim, notei uma campanha negativa enorme em relação a ‘La La Land’ e uma proteção enorme (da mídia, principalmente) em relação a ‘Moonlight’. O que não invalida, por si só, os méritos dos dois filmes. Um filme é um filme. Uma campanha para o Oscar é uma campanha para o Oscar.

    No podcast da semana que vem, abrirei o debate sobre esses temas.

    Obrigado pelo comentário
    Tiago.

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  8. Olá, rapazes!
    Primeiramente quero agradecer pelo podcast de vocês que acompanho desde o primeiro. É legal ver a sinceridade na conversa entre três amigos que gostam de cinema já que na faculdade ou em outras mídias que falam sobre cinema, acabam sendo supervalorizados ou menosprezados filmes apenas pela onda de opiniões. Mas o que eu queria comentar é sobre o trecho que vocês comentam que os prêmios parecem mais uma resposta ao trend topics do que realmente a valorização de um bom trabalho. Concordo com isso, mas acredito que essa reação de destacar grupos não privilegiados pode trazer mais oportunidades a eles dentro dos grandes filmes, mesmo que seja com intuito de falar “olha pra gente, Academia, somos a favor da diversidade”. Espero que seja uma “perda” temporária pro meio para uma abertura maior à diversidade, assim voltaremos a premiar para o cinema e não para as causas sociais.
    Sinto muito por falar tanto, segurei muito tempo até.
    Um beijo

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    1. Ótimo comentário, Julia. Concordo com você (e tenho quase certeza de que o Chico e o Michel também concordam). O nosso papo no podcast é descontraído e, por isso, muitos temas não são abordados da maneira complexa como nós os trataríamos por escrito, por exemplo. Há casos em que as opiniões soam ríspidas, incompletas ou até injustas com algum filme – são conversas ‘no calor do momento’, para o bem ou para o mal.

      Particularmente, torço para que o cinema americano se torne cada vez mais diverso e acredito que, de uma maneira ou de outra, as discussões provocadas pelos trending topics fazem parte desse processo e provocam mudanças a longo prazo. Por outro lado, noto que existe algo calculado e cínico nas respostas rápidas que muitas dessas grandes premiações dão aos protestos que aparecem na web. Eu gosto muito de cinema e, por isso, fico feliz quando noto que uma premiação está olhando, acima de tudo, para o cinema. Mas não dá para descontar o fato de que o cinema não existe isolado numa redoma que o afasta de questões sociais que estão em pauta.

      É uma discussão complicada, mas muito boa.

      Abraço
      Tiago.

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  9. Sobre a ilha. O nome é Martha’s Vineyard. População aproximada de 18 mil habitantes, no verão chega a quase 100 mil. Aqui foi filmado Tubarão do Spielberg. Famosos que tem casa aqui: Bruce Willis, Bill Murray, Michael J. Fox, Ted Danson, Spike Lee, Jake Gyllenhall, Reese Witherspoon, Meg Ryan, Neil Patrick Harris, Lady Gaga, James Taylor, David Letterman e muitos outros.
    Foi aqui que o Obama passou todas as suas férias de verão enquanto presidente e transformou a ilha em um inferno de carros pretos e agentes do serviço secreto.
    Devemos ser em torno de 4 mil estrangeiros, mais de 80% brasileiros. Praticamente todos os homens são carpinteiros, pintores ou jardineiros e as mulheres diaristas.
    Por conta dos americanos milionários que apenas usam suas casas no verão, o custo de vida é muito elevado e a moradia quase desumana. Histórias de 10 estrangeiros dividindo um quarto são comuns.
    Infelizmente para o Michel, não exibiram Personal Shopper, mas Nocturama e Toni Erdmann sim.
    Abraços

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  10. Era pra ter comentado isso semana passada, mas esqueci. Concordo plenamente com o Tiago quanto a Moonlight, já que não consegui comprar o protagonista pelos mesmos motivos. Apesar de não ter gostado do filme, vejo muito potencial no Barry Jenkins. Acho que o que mais que agrada é essa coisa física de questionar um padrão de masculinidade que me lembra bastante Bom Trabalho, da Claire Denis.

    Não tinha gostado tanto de Toni Erdmann no Festival do Rio, mas acho que essa rotina de festival às vezes é prejudicial por te dar pouco tempo pra refletir sobre alguns filmes, né. Revi assim que estreou no circuito – fui ao cinema duas vezes – e agora posso dizer que amo o filme e é sim um dos meus favoritos do ano.

    Sobre John Wick 2: pra mim disputa com Toni Erdmann e Manchester à Beira-Mar o posto de melhor filme no circuito em 2017 até o momento.

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    1. Gostei muito do seu comentário, Pedro (por motivos óbvios). Ainda quero esperar o próximo filme do Barry Jenkins pra tentar entender melhor o olhar dele. Por enquanto, me parece promissor. Mas não sei. Pode descambar em lirismo vago e derivativo. Vamos acompanhar.

      Abraço

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  11. salve varandeiros, brotei aqui de novo pra falar de um tema q não tá no cast mas q tem a ver com cinema kkk. imagino que vcs não devem curtir rap, então queria mt que vocês escutassem um Mc chamado Makalister, ele eh cinéfilo e faz referências das maneiras mais criativas a filmes bem cults. seus títulos, albums, letras são muito inspiradas em cinema,, então queria só recomendar pra vcs a música “A Terça Parte da Noite não Dormi”, desculpem se eu estou sendo chato, mas ele cita filmes que vcs tanto falam como cavalo de Turim, elefante etc
    e eu queria mt escutar no cantinho do ouvinte a reação de vcs ou ouvindo o som ao vivo, ou apenas comentários, eh isso kkkk. acho q vcs vão se surpreender pra valer,,
    só progresso pro cast, tmj!

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