EP 26: Melhores Filmes Nacionais dos Anos 2000 | Mais Forte que o Mundo | Big Jato

O Cinema ao Redor

O momento é delicado para o cinema brasileiro. Por um lado, o cenário político e a crise econômica trazem à tona aquela velha (e sempre preocupante) questão: o Brasil deve apoiar o cinema produzido no país? Por outro, chega às telas um filme com pompa de blockbuster, a biografia de MMA Mais Forte que o Mundo – A História de José Aldo. Na edição da semana, Chico Fireman, Michel Simões e Tiago Faria discutem a ‘superprodução’ da temporada e batem um papo sobre os filmes brasileiros dos últimos quinze anos. Quais são os melhores? O que está faltando nas nossas telas? Por que os últimos cinco anos foram tão fracos em grandes filmes em comparação ao início do século XXI? Onde estão os ótimos ‘filmes médios’, que chegam a um bom número de espectadores, ainda que sem a ambição de se tornar um fenômeno de bilheteria?

E o cinema brasileiro independente e autoral, a quantas anda? Nesse filão, chega às telas o novo de Cláudio Assis, Big Jato. E, coproduzido por Walter Salles, temos o polêmico argentino Paulina. Mais: Cantinho do Ouvinte e #FalaCris em clima de homenagem ao ator Anton Yelchin, morto neste domingo (19). Bom podcast!

METAVARANDA (média das notas do trio para as estreias comentadas na edição):

Mais Forte que o Mundo – A História de José Aldo | Afonso Poyart | 17
Big Jato | Cláudio Assis | 57
Paulina | La Patota | Santiago Mitre | 53

FILMES CITADOS NA EDIÇÃO

Fala Cris: Anton Yelchin

Star Trek | J.J. Abrams
A Hora do Espanto | Craig Gillespie
Like Crazy | Drake Doremus
O Exterminador do Futuro – A Salvação | McG

Mais Forte que o Mundo – A História de José Aldo

2 Coelhos | Afonso Poyart
Presságios de um crime | Afonso Poyart
Clube da Luta | David Fincher
Matrix | Irmãs Wachowski
Olga | Jayme Monjardim

Big Jato

A Historia da Eternidade | Camilo Cavalcante
Madame Satã | Karim Ainouz
Árido Movie | Lírio Ferreira
Amarelo Manga | Cláudio Assis
Baixio das Bestas | Cláudio Assis
Febre de Rato | Cláudio Assis

Top Nacional 2000-2016

Jogo de Cena | Eduardo Coutinho
Tatuagem | Hilton Lacerda
O Som ao Redor | Kleber Mendonça Filho
Santiago | João Moreira Salles
Filme de Amor | Julio Bressane
Se Nada mais der Certo | José Eduardo Belmonte
O Invasor | Beto Brant
O Signo do Caos | Rogério Sganzerla
O Menino e o Mundo | Alê Abreu
Serras da Desordem | Andrea Tonacci
Hoje eu Quero Voltar Sozinho | Daniel Ribeiro
Mutum | Sandra Kogut
Girimunho | Helvécio Marins Jr e Clarissa Campolina
Eles Voltam | Marcelo Lordello
Riocorrente | Paulo Sacramento
Cão Sem Dono | Beto Brant
Lavoura Arcaica | Luiz Fernando Carvalho
O Lobo Atrás da Porta | Fernando Coimbra
Casa Grande | Felipe Barbosa
Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo | Marcelo Gomes e Karim Ainouz
Tropa de Elite | José Padilha
O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias | Cao Hamburger
Cidade de Deus | Fernando Meirelles
Cinema, Aspirinas e Urubus | Marcelo Gomes
Eu Tu Eles | Andrucha Waddington
Que Horas Ela Volta? | Anna Muylaert
O Céu de Suely | Karim Ainouz

Gravado na segunda-feira, 20 de junho, na varanda do Michel.

13 comentários sobre “EP 26: Melhores Filmes Nacionais dos Anos 2000 | Mais Forte que o Mundo | Big Jato

  1. Oi meninos,

    Meu Deus!!!! Eu queria tanto estar aí debatendo com vcs esse tema… bom, eu queria estar na maioria, mas esse particularmente pq é um tema na qual eu debato toda semana: nosso cinema, e eu com certeza vou compartilhar o programa. É tanta coisa que vou comentar em blocos:

    1) estou morrendo de medo de Mais Forte que o Mundo. Ao contrário de todos os críticos que conheço e respeito, eu gosto muito de 2 Coelhos. Sei lá, tem um charme visual ali que me fisgou, e um roteiro minimamente bacana que consegue fazer jus àquela proposta, gosto do elenco tb. Mas eu tinha medo do lugar pra onde Poyart iria, e não tive nenhuma vontade ainda de ver Presságios de um Crime. O trailer do filme do Aldo me assustou, pq tem “coelhos” no MMA! Os comentários de vcs me horrorizaram mas eu consigo completamente sacar isso tudo só pelo trailer e pelos comentários de alguns críticos (positivos, mas assustadores).

    2) eu gosto de Big Jato, mas com reservas. Concordo com o q vcs falam num todo, acho q Assis acessa um lugar fácil (um ‘coming of age’ típico) e não inova praticamente nada nesse lugar, qdo o diretor já tinha criado uma identidade. Nada contra a mudança de rumo, mas para alguém com tanta personalidade achei q o filme vai muito no óbvio, inclusive o roteiro de Lacerda é problemático. Acho o Assis explosivo mais interessante e autêntico, mesmo com seus problemas, mas observo atento esse aparente amadurecimento como Chico falou, começado no belíssimo Febre do Rato.

    3) A Discussão: gente, tanta coisa… bom, eu não sei dizer se não temos tão poucos filmes médios assim, mas o que observo bem é que esses filmes médios são pessimamente tratados por aqui. Os blocks tem atenção pq fazem muita grana (ou fracassam, o q tb é notícia); os indies tem atenção pq rodam festival, ganham prêmio, são elogiados pela crítica e acabam sendo de fato muito bons. O que talvez tenha acontecido é uma queda na qualidade do cinema médio, e de fato temos visto poucos Centrais do Brasil, Homens que Copiavam e Palhaços, e mais Ponte Aérea, O Escaravelho do Diabo, Entre Nós, De Onde eu te Vejo, e tais. Outra questão é que pra mim o circuito exibidor não sabe receber esses filmes; o circuito sabe lançar em 500 salas (ou mais) ou em 15 salas, no Brasil – em 100/150/200 salas, não sabem. Não há marketing pra esses filmes, não há boa vontade, não há interesse (nem do público, inclusive). Inclusive eu vejo muita gente do público final reclamando que não existe representatividade do nosso cinema, só que eu não vejo ninguém correndo atrás do cinema brasileiro. Enfim… uma outra questão que vcs levantam é a tristeza de não ver uma carreira sendo construída, com diversos estreantes e poucos constantes. Eu vejo o Kleber, o Adirley Queirós com carreiras sendo construídas, além dos citados (Karim, Brant, etc), mas são de fato poucos. A(s) pergunta(s): não seria mais fácil “patrocinar” uma carreira já lançada e celebrada, como a Julia Murat, o Eduardo Nunes, o Esmir Filho, os diretores do Girimunho (independente de gostarmos dos filmes deles ou não), do que um estreante? Pq tem tanto estreante (e que bom que tem!) conseguindo tão facilmente rodar seu longa de estreia e lançar, e pq esse pessoal demora a voltar, qdo volta? É uma questão q eu não sei responder… o assunto é muito extenso e eu poderia escrever até amanhã (desculpa ser esse post tão longo), mas eu só quis falar um pouquinho de cada coisa. Os “filmes médios” já fizeram mais de milhão de espectadores, como Eu Tu Eles e Central, e hoje esses filmes mal fazem 100 mil espectadores; Que Horas ela Volta e Hoje eu Quero Voltar Sozinho praticamente não existem, e os filmes q estão fazendo 500 mil geralmente são filmes que queriam fazer 2 milhões e fracassaram, como Alemão.

    Ufa! Falei muito… mas queria ter falado muito mais, ter trazido mais exemplos de filmes médios (que acho q é menor qtdade mesmo), mas não acho q seja tão pouco. O que não temos é o “filme médio de qualidade excelente”.

    Obrigado mais uma vez pelo sensacional programa, continuem assim. Um abraço gigante.

    PS: o top 5 de vcs foi excelente, e acho tb que Jogo de Cena é O Filme; Santiago, Cidade de Deus, Madame Satã e A Vizinhança do Tigre.

    PS2: pq o Michel parece sempre puto com a duração do programa? Que tenha 2h, 4h… deixa falar! rsrsrsrsrs

    (mais abraços)

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  2. Carbone, muito legal o comentário. Realmente, muitos pontos ficaram fora da nossa discussão, mas acredito que o tema renda ao menos cinco outros programas. Faltou falar, por exemplo, em leis de incentivo, distribuição, filmes de gênero, coproduções etc. Esses assuntos estavam em pauta mas, como você deve ter notado, extrapolamos o tempo e o Michel ficou um pouco irritado (mentira: por ele, o episódio também teria sido maior).

    Acabamos focando o problema da falta de filmes que atraiam o público na faixa dos 500 mil a 1 milhão de espectadores. É um problema antigo que era muito discutido no início dos anos 2000. Sinto que sofremos cada vez mais dessa falta de uma faixa intermediária de uma plateia para os filmes – e a queda de qualidade, ao menos no meu ponto de vista, é real.

    Boas as perguntas. Vou trazê-las no próximo Cantinho do Ouvinte.

    Obrigado e abraço!
    Tiago

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  3. Acabei de ouvir. Hoje foi longo o podcast, mas foi maravilhoso. Aprendi muito com vocês. Quanto ao filme Amarelo Manga, estou com Tiago e Michel, gosto dele. Na verdade o cinema de verdade entrou muito tarde em minha vida – e entrou como lazer e hobbie. Lembro que este filme foi um dos primeiros brasileiros que vi no cinema da Universidade e que ele me impactou bastante, porque eu não conhecia aquela estética e gostei muito daquele mundo. E logo antes ou logo depois, não lembro, eu vi Madame Satã. Fui levada por ambos e desde então gosto muito do cinema nacional. Tento ver o máximo que posso, ler sobre, acompanhar. Das listas de preferidos de vocês, só não vi mesmo O prisioneiro da grade de ferro, mas procurarei. Eu ri com os comentários sobre Olga, lembro que eu me senti muito mal com o filme, aquelas cenas com cara de novela, mas era uma opinião nada profissional, só uma sensação. Gostei de saber q eu estava, em alguma medida, “certa”, mesmo pq meus amigos adoraram e eu não conseguia entender.

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  4. Débora, que amigos são esses que gostam de ‘Olga’??? Troque de amigos imediatamente! Hahaha. Brincadeira, tá? Bom saber que você curtiu o episódio. Nós adoramos gravar e ficamos com vontade de prolongar o papo (que, realmente, ficou mais longo que o recomendável). Obrigado! Tiago.

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  5. Fala varandeiros,

    Bom saber que tem outros “malucos” fazendo podcast de quase duas horas. Acompanho desde o primeiro episódio, mas esse vai ser o primeiro comentário.

    Na lista de vocês as ausências mais gritantes para mim são dos dois longas do Adirley Queirós (A Cidade é Uma Só? e Branco Sai, Preto Fica). Acho Adirley o principal acontecimento do cinema brasileiro dos últimos 20 anos, principalmente pelos filmes, mas também pela visão de mundo e de cinema absolutamente singular, que foge do cinema de classe média feito nas capitais.

    Também nesse segmento de filmes periféricos, o pessoal da Filmes de Plástico tem se destacado, com mais holofotes para o André Novais Oliveira, que fez curtas muito bons (Fantasmas, principalmente) antes do longa Ela Volta na Quinta, que poderia estar na lista também.

    Outros filmes que gosto bastante e poderiam ser citados: Esse Amor que Nos Consome e Mais do que Eu Possa Me Reconhecer (Allan Ribeiro), Histórias que Só Existem Quando Lembradas (Júlia Murat), Obra (Gregório Graziosi), Jovens Infelizes Ou Um Homem que Grita Não É Um Urso que Dança (Thiago B. Mendonça), Depois da Chuva (Cláudio Marques e Marília Hughes) e Já Visto Jamais Visto (Andrea Tonacci).

    Uma das falas do Chico no podcast acho que veio de uma conversa que tive com ele em Curitiba sobre o meu podcast, que trata de diretores com até seis longas. Falei sobre como é raro no cinema brasileiro atual encontrar alguém com três ou quatro longas no currículo e que tenha uma trajetória mais próxima daquilo que chamamos de carreira cinematográfica.

    No Cine Festivais já fiz algumas entrevistas sobre o assunto, e me parece que o fato é que houve um gap muito grande entre gerações proporcionado pelo desmonte realizado pelo governo Collor. Os diretores mais antigos (Babenco, Cacá Diegues) estão em má fase há muito tempo, os poucos nomes que saíram do início da Retomada também não fazem algo relevante há alguns anos (Fernando Meirelles e José Padilha seguiram careira internacional), com a solitária exceção do Karim Ainouz, mas a geração realmente sólida, que se beneficiou do barateamento dos custos de produção e de um apoio estatal efetivo, está fazendo os primeiros longas agora, ou ainda está nos curtas.

    Dentro dessa nova geração (com o Adirley, o pessoal da Filmes de Plástico, o pessoal da Alumbramento, o Allan Ribeiro, a Larissa Figueiredo, o Rafael Urban, o Leonardo Mouramateus, o Tião, o Miguel Antunes Ramos, a Nathália Tereza, e muitos outros) concordo que há pouco espaço para “filmes médios”, nesse sentido que vocês colocaram, mas não encaro isso como um grande problema, visto que até filmes que deveriam ser populares (como Estômago) não têm espaço nesse circuito cada vez mais maluco que temos. Se não me engano, O Som ao Redor não fez nem 100 mil espectadores, e foi considerado um grande sucesso de público.

    Abraço!

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  6. Muito interessante o comentário, Adriano. Ele será debatido no próximo episódio (aliás, prevejo um Cantinho do Ouvinte de 60 minutos de duração, hahaha). É claro que, ao preparar nossas listas, pensamos em muitos dos filmes da nova geração listados por vocês. Acompanhamos o cinema brasileiro com muito interesse e sempre torcemos para que bons filmes apareçam (particularmente, estive em todos os festivais de Brasília entre 1992 e 2012). Mas, pensando aqui, acredito que não somos tão otimistas em relação a esse grupo de cineastas que vem despontando, incluindo aí o Adirley (talvez o Chico seja o mais otimista do trio).

    Talvez essa nova geração dependa demais do entusiasmo de uma nova geração de críticos. Mas o que mais me incomoda é notar que o circuito desses filmes (o círculo onde são exibidos, debatidos e elogiados) é cada vez mais pequeno, quase invisível mesmo.

    Particularmente, concordo com a linha histórica que você descreveu, mas não consigo ainda ver a nova geração como “realmente sólida”. Noto experiências bem curiosas de linguagem, provocativas, mas que raramente resultam em grandes filmes (aliás, comentamos o ‘Ela Volta na Quinta’ em uma das edições do podcast e os três apontaram fragilidades no filme). A exceção, pra mim, é ‘O Som ao Redor’.

    Em vez de dar minha opinião solitária aqui, acho melhor colocar o tema em discussão.

    Abs!
    Tiago.

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    1. Entendi, Tiago. Aguardo a discussão no próximo podcast. Só pra deixar claro que quando disse “geração realmente sólida” me referi ao barateamento dos custos de produção e ao apoio estatal efetivo, que permitiu que um grande número de cineastas surgisse, e de modo não mais centralizado no eixo Rio-São Paulo. Há muitos nomes, mas ainda poucos longas dessa geração, e até por isso não vejo (e nem esperaria nesse momento) uma solidez autoral ou um conjunto coeso de obras.

      Abraço!

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      1. Adriano, concordo com você sobre o surgimento de uma nova geração muito promissora de cineastas. Mas acredito que essa cadeia só ficará verdadeiramente sólida quando o país resolver problemas de distribuição, mercado e acesso do público aos filmes. Questões: o país quer resolver isso? A população quer? Os cineastas querem um público maior? Existe essa ambição por parte deles? Se sim, o que fazem para ampliar esse cenário? Ou a ideia é produzir filmes para serem exibidos em festivais?

        Abs! Tiago.

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  7. Finalmente chegou a terça, mas o transito não foi suficiente e terminei na quarta, rs! Adoro ouvir no carro, em casa com meus filhos é impossível. Um comentário que havia feito com o Michel um tempo atrás sobre o filme do José Aldo, foi o trailer, Achei uma bela montagem e comentei que tinha uma suspeita que o trailer seria melhor que o filme todo e pelos comentários foi mesmo.
    Tenho duas perguntas, vcs sabem dizer quantos filmes nacionais são lançados em média por ano?
    Em relação a gênero, comédia é a maioria?
    Abs Varandeiros!

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  8. Régis, em 2015 foram lançados 128 longas nacionais, segundo a Ancine. Comédias não são maioria, mas são os filmes que mais atraem público aos cinemas. No dia a dia, percebo um número muito grande de documentários. Há semanas em que temos três, quatro estreias de docs nacionais. Possivelmente (até por uma questão de custo), deve ser a maioria.

    Abs! Tiago.

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  9. Já vi gente como o Rubens Francisco Lucchetti dizendo que o problema do cinema nacional é que não tem público porque não investe no filme de gênero, mas como resolver se os filmes de gênero que são produzidos todos os anos ficam relegados aos festivais, fora do circuito comercial? Eu sou meio radical nesse aspecto, acho que tinha que ter uma reformulação da cota de tela pra deixar a maioria da cota pros filmes nacionais e dividir o resto entre filmes estrangeiros independente do país.

    Mas vocês levantaram pontos muito bons, adorei a discussão. Esse assunto dá pano pra papo infinito…

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